As mosca-das-frutas são insetos que causam elevados prejuízos aos fruticultores. Segundo a ESALQ/USP afirmam quem mundialmente os prejuízos ultrapassam U$ 2 bilhões, sendo o principal problema da fruticultura.
Contudo no Brasil as perdas causadas diretamente na produção, no custo do seu controle e na perda de mercados de exportação, situam-se entre U$ 120 e 200 milhões anuais.
Uma praga muito difícil de controlar no sistema convencional, porém como fazer esse controle de praga no sistema orgânico?
O que é a mosca-das-frutas?
Mosca-das-frutas, são insetos-praga que atacam variedades de frutas, são insetos da ordem Diptera e pertencem à família Tephritidae.
Esta família possui mais de 4000 espécies distribuídas em 500 gêneros, com cerca de 250 espécies de importância agrícola econômica, sendo 48 dos gêneros Bactrocera, Ceratitis, Anastrepha, Dirioxa.
No Brasil existem dois gêneros mais importantes: Anastrepha, com mais de 94 espécies identificadas até o momento e Ceratitis com somente uma espécie, a Ceratitis capitata.
As principais culturas afetadas são: Acerola, Ameixa, Goiaba, Manga, Maçã, Pêssego e Uva.
Ciclo de vida da mosca-das-frutas
É importante conhecer o ciclo de vida das principais espécies da mosca da fruta.
Anastrepha spp. O período de incubação leva de dois a três dias, o larval de 10 a 15 dias; o pupal, de 13 a 17 dias. Um adulto pode viver até 180 dias
Ceratitis capitata: Larva: fase com duração de 6-11 dias, Pupa: fase com duração de 6-15 dias, adulta vai de 10 a 60 dias.
Manejo Integrado de Praga para a mosca-das-frutas
Manejo Integrado de Pragas, também conhecido como MIP, surgiu na década de 60 pela comunidade científica para controle de pragas agrícolas.
O principal objetivo do MIP é ser uma alternativa para diminuir o uso de agroquímicos, que tornam os insetos mais resistentes, além de contaminar os alimentos.
Por isso o MIP é tão usado pelos produtores agroecológicos e pela permacultura para produção de produtos orgânicos.
O MIP é uma técnica que consiste em reduzir as pragas sem causar um dano econômico ao pomar.
O controle de insetos pode ser feito por insetos predadores (controle biológico), uso de feromônios (isca), retirada e queima da parte do vegetal afetada, fortalecimento da planta através da adubação equilibrada, poda e raleio.
Um MIP bem implantado no pomar consiste em um bom monitoramento. Que pode ser feito pelo agricultor visitando o pomar e utilizando armadilhas para estimar a quantidade de insetos.
Antecipando assim a ação do controle de pragas antes da praga completar ou iniciar o ciclo de desenvolvimento.
Isca para capturar e monitorar a mosca-das-frutas
Uma das armadilhas são o uso de feromônios (iscas) para atrair a mosca e capturar. Assim o agricultor sabe da chegada da praga.
O Ministério da Agricultura possui uma cartilha agroecológica no monitoramento da mosca-das-frutas que pode ser desenvolvida facilmente.
Cada armadilha deve ficar distante de 50 a 200m da outra, dependendo da extensão da área.
A base conceitual do MIP
A base conceitual do Manejo Integrado de Pragas (MIP) é o momento que defini onde haverá uma ação pelo agricultor para controlar as pragas no pomar.
Através do monitoramento saberá o nível populacional e se irá iniciar o nível de controle.
A base conceitual do MIP é dividida em 3 níveis.
- Nível de equilíbrio: Onde existe a praga e não está causando muito dano.
- Nível de controle: Onde a população de praga está aumentando e poderá prejudicar a plantação
- Nível de dano econômico: Onde a praga está atacando em escala que prejudicará a plantação economicamente, causando prejuízos ao agricultor.
Alguns métodos de controle da mosca
Existem alguns métodos para controle da mosca-das-frutas, sendo o mais eficaz a armadilha. Além da armadilha é recomendo o uso de controle cultural, biológico e com defensivos orgânicos (caldas).
Controle Cultural
A coleta e a destruição dos frutos maduros contaminados na planta ou caídos no chão devem ser realizadas para impedir a emergência de adultos das mosca-das-frutas.
Tais frutos deverão ser colocados em uma vala, de 50 a 70 cm de profundidade, ou serem destinados à alimentação animal.
Controle Biológico
Os inimigos naturais das moscas das frutas são parasitóides pertencentes principalmente às famílias Braconidae e Figitidae. Na primeira família destacam-se espécies dos gêneros Doryctobracon, Opius e Utetes, e na segunda família, espécies dos gêneros Aganaspis, Odontosema, Tropideucoila, Dicerataspis e Lopheucoila
O controle natural das mosca-das-frutas, por meio de parasitóides e predadores, não é suficiente para regular a população, pois a ação desses inimigos naturais é bastante prejudicada pelo uso intensivo e por aplicações não-criteriosas de inseticidas.
Diachasmimorpha longicaudata, um parasitóide específico de moscas Tephritidae e originário da região asiática, foi recentemente introduzido no Brasil, através da iniciativa da Embrapa Mandioca e Fruticultura, sendo liberado em áreas-pilotos do Nordeste para controlar mosca-das-frutas.
Essa vespinha, uma vez localizado a larva da mosca no interior do fruto, introduz seu ovipositor através da casca e deposita um ovo no interior da larva.
Quando a larva da mosca passa ao estágio de pupa, a larva da vespa eclode do ovo e começa a se alimentar da pupa da mosca, matando-a antes que se desenvolva numa mosca adulta.
Utilização da Técnica do Macho Estéril
É a utilização de machos de mosca-das-frutas esterilizados por meio de radiação gama, para serem liberados na área de produção.
Os machos esterilizados irão competir com os machos selvagens da mesma espécie, reduzindo, consequentemente, os acasalamentos férteis e a população da praga a cada geração.
A primeira biofábrica de insetos estéreis do país, localizada em Juazeiro-BA, tem capacidade inicial para produzir 200 milhões de mosca-das-frutas por semana.
Para saber mais sobre o macho estéril no combate da mosca da fruta, veja publicação da Embrapa.
Controle por defensivos orgânicos
Na agricultura orgânica o uso de caldas como defensivos agrícolas é permitido. Eles apresentam baixa toxidade.
As caldas mais utilizadas pela agricultura orgânica são: calda Sulfocálcica e Calda Bordalesa.
Calda Sulfocálcica
A calda sulfocálcica primeiramente foi usada para banhar animais contra a sarna no século XIX, mas agora encontra também outras utilidades.
A calda sulfocálcica hoje é usada no controle de fungos, ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores de hortas e de pomares. Possui também um efeito de adubação nas plantas e apresenta dois elementos importantes: o enxofre e o cálcio
O manual para preparo encontra-se no site do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
Calda Bordalesa
O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) possui várias fichas Agroecológicas para Calda Bordalesa. Dentre as caldas existe uma especial para a fruticultura.
Conclusão
Para ter um pomar não custa barato, requer investimento e tempo. A mosca-da-fruta é a principal praga, quando não controlada pode reduzir em média 50% da produção do pomar.
Usar técnicas de manejos agroecológicos, como o uso do MIP, controle biológico, caldas e controle cultura, são a alternativa para o pomar produzir sem agredir o meio ambiente.
Um pomar irrigado aumenta a produtividade e qualidade da planta, aumentando a resistência as pragas. Conheça os tipos de irrigação para fruticultura.
Frutas orgânicas têm mercado garantido além de boa aceitação pelos consumidores.